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Analista de sistemas vira garçom e supera depressão: 'Hoje sou feliz'
14/02/2013
Mesmo com formação em psicologia, Luiz Henrique Lacerda, de 48 anos, nunca atuou na área. Durante 22 anos, trabalhou como analista de sistemas, área na qual é especialista. Nesse período, sempre se sentiu deprimido e chegou a ter síndrome do pânico. A satisfação plena, tanto na vida pessoal como na profissional, ele garante que veio com o emprego de garçom: "Hoje sou feliz", diz.
Atualmente, Luiz é responsável pelo restaurante de um resort na cidade de Rio Quente, a 173 km de Goiânia. Ele também faz questão de cuidar com atenção e prestatividade dos hóspedes do lugar. "Às vezes, são pessoas difíceis de lidar, mas hoje estou preparado e gosto disso. Minha profissão é ser garçom. Sou feliz fazendo isso", afirma, em entrevista ao G1.
A conversa com a reportagem foi rápida, durante o expediente. A jornada de trabalho é longa e o salário, segundo o garçom, é "infinitamente menor" do que quando atuava na área de informática. Nada que tire o sorriso largo, sempre estampado em seu rosto.
"Posso trabalhar até 12 horas por dia. Sou gordo, peso 130 kg e meus pés às vezes doem. Mas mesmo assim, vou embora e volto satisfeito para trabalhar, independente da hora que tiver que estar aqui", explica.
Apesar de nunca ter exercido a psicologia, Luiz acredita que o curso o ajuda bastante em seu trabalho atual. "Todo garçom é meio psicólogo, meio padre. As pessoas vêm conversar com a gente". Ele assegura que desde quando começou a atuar como garçom, nunca mais se sentiu deprimido, tampouco tomou mais remédios para síndrome do pânico, doença com a qual conviveu por 16 anos.
O destino de Luiz começou a direcioná-lo para a cidade de Rio Quente no início de 2010. Pai de dois filhos de seu primeiro casamento - um rapaz de 20 e uma menina de 18 - ele conheceu na internet, por meio de um site de relacionamentos, a sua atual esposa.
Célia Maria da Silva morava em Caldas Novas e, por isso, namoraram durante seis meses à distância. Mas esse não era o principal empecilho para que ficassem juntos. "A mãe da Céu [como ele carinhosamente chama a mulher] tinha câncer no fígado e morava com ela", lembra. Ele explica que mesmo trabalhando o dia todo em São Paulo, ficava acordado até de madrugada para acompanhar a namorada, que tinha de ministrar os remédios na mãe.
Após seis meses, a mãe da Céu acabou falecendo. Depois da missa de sétimo dia, pelo fato de ter uma filha que morava em São Paulo, ela acabou indo para a capital paulista. Era a chance de Luiz ver, enfim, a amada.
Ele guarda com carinho o momento em que se encontraram. "Avisei a ela antes: 'vou estar te esperando na rodoviária e quando você chegar, vou te dar um beijo. Se você gostar e eu também, a gente continua'. E aquele foi o melhor beijo que já dei na vida", recorda.
Depois de mais sete meses de namoro virtual, eles se casaram e ela foi morar em São Paulo com ele, mas não se acostumou. Foi quando ele decidiu largar tudo e vir morar em Rio Quente com a mulher.
Por intermédio de um genro, começou a trabalhar como garçom. A lição que ele tira de tudo isso, é simples. "Nas pequenas coisas a felicidade é maior do que quando se almeja muitas coisas grandes e não consegue alcançá-las."
Fonte: G1